domingo, 6 de maio de 2012

Eu quero é que se exploda essa porra de sociedade


Estávamos em quatro pessoas conversando no trilho do trem, quando de repente escutamos seu dono  vindo. Aquela máquina furiosa gritava anunciando sua chegada e, enquanto passava por nós, contagiava-nos com suas escritas de paz e preservação e com a ventania que emanava em nossos rostos descobertos.
Diante dessa cena o Paulo levantou para alcançar o trem. Quando percebi, ele já estava em cima do vagão correndo na contra mão, pulando para o próximo. Foi muito louco ver isso! Um cara correndo na direção contrária do trem e pulando os vãos que apareciam numa velocidade impressionante. Imaginei a determinação, o desespero, a adrenalina e a liberdade correndo em suas veias enquanto o vento o batia querendo derrubá-lo... Foi então quando ele cansou e parou.
Só podíamos ver um cara parado em cima do trem se distanciando num vulto até desaparecer na curva. Sabíamos que voltaria. As pessoas sempre voltam. Foi então que ele reapareceu. Contou sobre os velhos tempos de surf em cima do trem, sobre a sensação do prazer que o proibido oferece. Como se fosse um tapa na cara da sociedade! –Eu não posso, não deveria, mas... por que não?
Acredito que o trem é como se fosse a sociedade e, os considerados “loucos” quisessem  alcançar o fim dele para que, assim, possam chegar a tão almejada liberdade plena. Porém, sempre há um ponto que se cansa e para. Mas isso não quer dizer que não se deva tentar novamente. Jamais! Mesmo sabendo que é pouco provável alcançá-la, a sensação libertadora desse curto momento de ir contra o sentido imposto, vale a pena. E muito!

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