sexta-feira, 17 de maio de 2013

Sem controle




Quando tudo começou foi lindo, mágico, devastador e intenso. Tenho certeza que isso a assustou, pois todos nós nos assustamos com nossos próprios sentimentos. Acontece que ela deixou-se dominar pelo medo, afastando quem já a amava, em tão pouco tempo, mas um amor puro e verdadeiro. Aqueles amores que nós pensamos nunca encontrar, mas que quando o encontramos o afastamos por medo dele.
Seguiram por um tempo com isso, visto que ela iria embora e, talvez quando voltasse, quem a amava não estaria mais a esperando. Então curtiram os bons momentos, riram, dançaram, correram e brincaram. Deixaram aparecer a criança escondida em cada ser. Tudo isso por um sentimento. Mas, da parte dela, achava melhor manter uma certa distância. A gente nunca sabe quando a dor pode nos devastar. Engraçado que nos devasta mesmo tomando todo os cuidados.
O amor reprimido floresceu quando ela chegou à um lugar longe de todos que a amavam, o amor que ela sentia por quem ela quis manter uma distância segura para não sofrer novamente. Mas o que não sabia ela, era que o medo do amor machuca muito mais que o amor em si. Nunca ouvi ninguém se lamentando por ter sido amado, por mais que este traga algumas dores, o medo do amor, independente da parte de quem, é que realmente machuca. Feriu sua alma com uma certa amargura da humanidade, por conta daqueles que a fizeram sofrer.
Mesmo com o amor a flor da pele, a distância estabelecida agora se concretizava em quilômetros, não conseguia se entregar com totalidade. Tinha dias que estava disposta a amar e ser amada, mas tinha dias que tinha medo desse sentimento tão tumultuoso que a tirava da razão, que nos tira dela. Esse receio trouxe dor, não só para ela, mas também para quem a amava. O pior de se esperar alguém, é a incerteza de saber se se está esperando em vão. As incertezas nos fazem tomar decisões precipitas e muitas vezes inconsequentes, foi isso o que quem sempre a amou fez: precipitou-se e a magoou. Mas o que não sabia é que a magoando magoaria-se profundamente também. Porém, é que sem perceber, isso foi o tudo ou nada. Ela resolveu receber o amor, mas com muito mais medo dele. Então se magoava e magoava quem a amava muito mais. Acontece que a mágoa é exaustiva.  Ninguém a suporta por muito tempo. Mesmo com todo o amor do mundo.
Continuaram se amando, se odiando, se magoando e se apoiando pelo celular. Ah! A tecnologia! Cada qual em seu canto sem saber realmente o que seu amor passava, acabava por tirar conclusões, muitas vezes errôneas, e magoar-se. Muitos momentos bons, muitas promessas, muitas juras de amor. Mas o medo, sempre sorrateiro, rondando esse sentimento que sentiam.
O tempo passa, e como é de se esperar de um amor que nunca se vê, a solidão o acompanhou, acompanhada da solidão, veio a carência, acompanhada da carência, as incertezas, acompanhada das incertezas, vieram as brigas, acompanhada das brigas, muito mais dor do que qualquer ser humano, que ama, pode aguentar. Quem sempre a amou, começou a questionar-se o porquê de tudo aquilo. Por que se magoar tanto. Por que brigar tanto. Por que continuar com algo que não se tem certeza no que vai dar.
Amor e ódio, vida e morte, confiança e ciúme, palavras doces e amargas, certeza e realidade...
Tudo isso em dois seres. Dois seres que abdicaram de tudo em nome de um amor que não se toca. Trocaram noitadas por conversas ao telefone, cinema por uma imagem no computador, um amigo por mensagens no celular,  tranquilidade da vida pacata por um amor louco e incerto. Para que no final das contas descobrissem que o que tinham era uma relação incomum... com seus próprios celulares.

Nenhum comentário:

Postar um comentário